quarta-feira, 30 de março de 2011

Ossos do ofício jornalístico: Aves de Rapina

Acho graça quando me lembro que algumas pessoas escolheram ser jornalistas por considerar uma profissão glamurosa. Essas pessoas não devem se lembrar das coberturas de enterros, velórios, notas de falecimento, obituários e boletins de estados de saúde que os repórteres volta e meia são obrigados a fazer principalmente em início de carreira. Algum professor meu (não me lembro qual) apelidou os jornalistas de “aves de rapina” (birds of prey) quando fazem tais coberturas.


José Alencar morreu ontem, mas cada vez que ele foi internado nos últimos anos um repórter estava lá para cobrir e prontamente traduzir o boletim médico para informar o público sobre a situação de nosso ex-vice-presidente. E não pensem vocês que essa infinidade de matérias sobre Alencar foi feita de ontem pra hoje. Não mesmo! Desde a primeira internação grave do político provavelmente já tinham sido feitas e aos poucos foram atualizando informações sobre a vida dele (carreira, pessoal, doença...).


O ofício de jornalista pode endurecer o coração principalmente de quem já tende a frieza. Claro que acredito que os repórteres, como pessoa, torciam pela recuperação de José Alencar. Mas por outro lado: Não seria tentador desejar que ele morresse para ter o reconhecimento do furo jornalístico? Ser o primeiro a divulgar o falecimento...


Só para encerrar esse texto frio, bizarro e mórbido vale lembrar que recentemente morreu o jornalista Mario Rodrigues conhecido como Toninho Boa Morte que era referência na editoria de obituários. Ele trabalhava no jornal O Estado de São Paulo. (esse da foto)

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