quarta-feira, 23 de março de 2011

Tragédia: Japão X Brasil

O assunto preferido da mídia nas últimas semanas tem sido a tragédia no Japão. Atendendo ao pedido do nosso seguidor Barão, o Útil ao Inútil preparou um texto comparativo entre a tragédia japonesa e a da região serrana.

Comportamento do governo

O Japão é um país acostumado aos terremotos e maremotos devido a sua péssima localização na placa tectônica. Ciente disso, o governo nipônico fez um fundo para catástrofe de 200 bilhões de dólares. Há rumores de que o país estaria amenizando a gravidade da tragédia diante do mundo devido ao hábito do japonês de evitar expor escândalos. Vale lembrar também que o regime político vigente por lá é a monarquia parlamentarista. Resumindo o imperador deles equivale a rainha da Inglaterra (apenas figura decorativa não apita nada na política do país).


Aqui no Brasil, durante a tragédia na região serrana, o que se viu foi a liberação de verbas do governo federal em caráter emergencial para a reconstrução das cidades devastadas (ou seja, depois que Inês foi morta nos deslizamentos). Sem falar no aluguel social de 500 reais que as pessoas que viviam em áreas de risco têm direito, mas muitas não viram até hoje a cor desse dinheiro. Além disso, muita gente reclamou que devido ao conhecimento das proporções do desastre houve especulação imobiliária e com a quantia não era possível alugar imóveis na região. O aumento exorbitante dos preços dos alimentos e até da água na região serrana assim que ocorreu os deslizamentos também aconteceu (culpa do velho hábito do brasileiro de querer ser malandro e se dar bem com o sofrimento do outro – vergonhoso!).

Comportamento da população

Mesmo com todo o desespero pela ameaça radioativa até nos alimentos não se teve notícias até agora de saques no Japão nem sequer de qualquer confusão motivada pela escassez de comida nas regiões afetadas. Já na tragédia na região serrana, os saques foram uma das primeiras providências da população. Especialistas em cultura japonesa afirmam que o cidadão nipônico confia muito no governo por isso não há rumores nem sequer de protestos. Já em terras tupiniquins o contrário acontece. O cidadão é sempre o primeiro a desconfiar do Estado (sabe aquela velha cultura do “ele rouba, mas faz “ou “político é tudo ladrão” que tanto me irrita...). Outra diferença gritante entre Japão e Brasil em relação a tragédias é a solidariedade. Japoneses não costumam se ajudar (um especialista em cultura japonesa em entrevista afirmou que eles são“orgulhosos”. Sabe aquele papo de honra que aprendemos nos enlatados japoneses que víamos durante a infância. É por aí...). Aqui no Brasil o pessoal adora fazer uma doação (o que considero ótimo) mesmo desconfiando das mãos por onde elas vão passar (lembram das notícias de roubo de donativos nos últimos desastres). Outra diferença drástica entre brasileiros e japoneses é como lidam com a morte. Enquanto na região serrana se viam imagens de parentes desesperados expressando toda a sua latinidade em lágrimas e revolta, no Japão quase não se vê lágrimas das pessoas que sofrem com a tragédia (e quando se vê são contidas) muito menos reclamações ou protestos...

3 comentários:

  1. Os japas são contidos mesmo, devem ficar assustados quando vêem agente. Provavelmente nos acham um povo totalmente efusivo. Assistindo a uma reportagem sobre japoneses que tinham aulas de cultura brasileira, comportamento... eles tinham dificuldade até para se cumprimentar com beijos e abraços. Voltando ao assunto em debate, vi de perto a reação das pessoas quando aconteceu a tragédia no Morro do Bumba em Niterói. Próximo à minha casa em Maria Paula, pessoas perderam tudo. Tiveram que depender da ajuda do poder público e da solidariedade do próximo, de todos os males, considero o nosso povo solidário. Embora haja aqueles "espertos" que entram na fila para receber donativos sem precisar ou tentam um aluguel pago pelo governo mesmo com a casa em perfeitas condições. Nessa de todos quererem se dar bem o problema causado por esses desastres climáticos demoram a se resolver... bem lembrado o caso de especulação imobiliária, aumento no preço de alimentos. Lembro que logo depois do desastre na região serrana, a água estava sendo vendida por um preço absurdo. No que diz respeito a essas recentes catástrofes, não há comparação entre o que aconteceu no Brasil e no Japão. Recorro aquele velho ditado: Deus dá o frio conforme o cobertor. Terremotos, tsunamis gigantes seriam o apocalipse para o povo brasileiro. Enquanto as coisas se encaminham no Japão, embora exista riscos de acidente nuclear, no Brasil o caso dos moradores do Bumba com desabrigados e mortes perdura há um ano, e a promessa de desfecho se estenderá até 2012. Os moradores protestaram por causa do atraso no pagamento do aluguel social... passei em frente a confusão quando voltava do trabalho, fui testemunha ocular, mas só entendi o pq de tudo aquilo quando cheguei em casa e liguei a TV. E pra piorar, ficou nítido o excesso da abordagem de um militar na tentativa de repreender a manifestação lançando spray de pimenta no olho de uma pessoa. dá pra entender a falta de confiança do povo no poder público. Várias famílias vítimas da chuva foram morar provisoriamente no 3ºBI em Niterói por um período de 6 meses, um ano se passou e todos permanecem por lá. Em reportagem para o RJTV 2ªEdição uma moradora fala que não há privacidade, apenas uma tábua separa uma família da outra.

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  2. O caso da Região Serrana é algo que suscitaria mil discussões. Uma delas é a posição do governo: algo personalista que tomou partido na história como um provedor de ocasião. Ora, tanto em âmbito federal como estadual, o governo não tem mais que a obrigação de recuperar as zonas atingidas. Mas aqui os políticos agem como se estivessem fazendo favor. E aí falam em somas pífias que mal dariam para recuperar um quarteirão, que dirá a cidade inteira! Não é de doações que a Região Serrana precisa; é de uma ação efetiva do Governo, eleito para tal, porquanto pagamos nossos impostos e votamos obrigatoriamente! Era hora do povo exigir o retorno do investimento que faz!
    Acho que minha alma é japonesa!

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  3. Acho que faltam ações preventivas no Brasil. Deve ser mais interessante para as autoridades mostrar trabalho quando o povo está sensibilizado depois de uma tragédia do que fazer algo concreto para evitá-la. Tragédias vendem e eles se aproveitam para fortalecer suas imagens públicas mesmo sendo bombardeados pela´imprensa. Agora fazer a obrigação antes da tragédia deve dar no máximo uma notinha ou uma matéria pequena nos jornais...
    Lamentável. Uma vez um professor meu disse que o que se faz no Brasil é politicagem. Concordo com ele... Gostaria muito de confiar naqueles que elegi! De verdade!!! Talvez minha alma tb seja japosensa... RS

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